Na língua Grega, o termo “amor” tem uma tríplice acepção: agapé que
significa cura, benevolência; eros que significa amor erótico; filia que
significa
amizade.
A etimologia do
termo nos remete a: “entrar em…” ser em…”. Em relação à nós mesmos, o
amor pode ser entendido como o “ir ao encontro de nós próprios”, “
entrar no profundo de si”.
Podemos definir o amor como tudo aquilo
que através do desejo, nos move da interioridade para a vida. Ou ainda
como a atração que nos inclina para um objecto diferenciado em relação
aos outros, para o qual convergem energias, aspirações, desejos e
pulsões.
Paixão, do latim passione = sofrimento, sentimento excessivo; amor ardente; afecto violento.
Paixão, palavra de origem Grega derivada de paschein, padecer uma
determinada acção ou efeito de algum evento. É algo que acontece à
pessoa independente de sua vontade ou mesmo contra ela. De paschein
deriva pathos e patologia. Pathos designa tanto emoção como sofrimento e
doença. As paixões, entendidas como emoções, mobilizam a pessoa
impondo-se à sua vontade e à sua razão.
É uma vivência complexa que geralmente é prolongada, podendo ser duradoura mas raramente perene.
O amor, num sentido amplo, é um forte sentimento de apego. O amor gera
desejos positivos e construtivos capazes de nos levar a sacrifícios
quotidianos que em condições normais só faríamos por nós mesmos
Amor
romântico. Amor obsessivo. Amor apaixonado. Paixão. Estar apaixonado é
uma experiência universal à humanidade; faz parte da natureza humana.
É um sentimento volátil, com frequência incontrolável, que se apodera
da mente, trazendo alegria em um momento e desespero no outro.
O que
é o amor? Entre as muitas definições está a de que este é um sentimento
que nos dá a alegria pela mera existência do ser amado. O
objectivo final do amor, ainda que inconsciente, é encontrar um parceiro
apto com quem se unir e ter filhos. Amor romântico. Amor obsessivo.
Amor apaixonado. Paixão. Homens e
mulheres de cada época e cultura foram "enfeitiçados, amolados e
aturdidos" por este poder irresistível. Estar apaixonado é universal à
humanidade; faz parte da natureza humana.
Além disso, esta magia ataca a cada um de nós praticamente da mesma maneira.
Significado especial:Uma das primeiras coisas que acontecem quando você
se apaixona é que você vive uma mudança drástica na consciência: seu
"objecto de amor" assume o que os psicólogos chamam de "significado
especial". Seu amado torna-se singular, único e sumamente importante.
Atenção concentrada: A pessoa possuída pelo amor concentra a atenção
quase completamente no amado, com frequência em detrimento de tudo e
todos em torno dela, inclusive trabalho, família e amigos. Ortega y
Gasset, o filósofo espanhol, chama isto de "um estado anormal de atenção
que ocorre em um homem normal". Esta atenção concentrada é um aspecto
essencial do amor romântico.
Engrandecimento do amado: O apaixonado também começa a super dimensionar, até a exagerar aspectos minúsculos do adorado.
"Assim os amantes governam a causa de sua paixão/ para amar suas damas por suas falhas", reflectiu Molière.
Como nos iludimos quando amamos. Chaucer estava certo: "O amor é cego."
Pensamento intrusivo:mas do amor romântico é a meditação obsessiva
sobre o amado. É conhecida pelos psicólogos como "pensamento intrusivo".
Você simplesmente não consegue tirar o amado da cabeça.
Como Milton foi perspicaz em Paraíso perdido ao colocar Eva dizendo a Adão: "Contigo conversando, esqueço-me de todo o tempo".
Fervor emocional: Nenhum aspecto isolado de "estar apaixonado" é tão
familiar ao amante do que a torrente de emoções intensas que inundam sua
mente.
Catulo, o poeta romano, certamente foi arrebatado.
Escrevendo para sua amada, ele disse: "Você me enlouquece. / Ver você,
Minha Lésbia, tira-me o fôlego. / Minha língua congela, meu corpo/
enche-se de chamas".
Ono No Komachi, uma poetisa japonesa do século
IX, escreveu: "Deito-me desperta, quente/ as chamas crescentes da
paixão/ explodindo, inflamando meu coração".
A mulher do Cântico dos Cânticos, a carta de amor hebreu composta entre 900 e 300 a.C., lamentava: "Desfaleço de amor".
E o poeta americano Walt Whitman descreveu este turbilhão emocional
perfeitamente, ao dizer: "Esta furiosa tempestade galopa por mim — tremo
apaixonadamente".
Energia intensa: A perda de apetite e sono
tem uma relação directa com outra das sensações esmagadoras do amor: uma
enorme energia.
Ele também reconheceu claramente que o amante
concentra toda sua atenção em uma só pessoa quando ama, ao dizer:
"Ninguém pode amar duas pessoas ao mesmo tempo".
Os aspectos fundamentais do amor romântico não mudaram em quase mil anos.
Oscilações de humor: do êxtase ao desespero: "Ele deriva pela água
azul/ sob a lua clara,/ pegando lírios brancos no Lago Sul./ Cada flor
de lótus/ fala de amor/ até seu coração se despedaçar." Para o poeta
chinês do século VIII Li Po, o romance era doloroso. A paixão
romântica pode produzir uma variedade de mudanças estonteantes de humor
que vão da exultação, quando o amor é retribuído, à ansiedade, desespero
ou até raiva quando o ardor romântico é ignorado ou rejeitado. Como
coloca o escritor suíço Henri Frederic Amiel, "Quanto mais um homem ama,
mais ele sofre". Os povos tâmeis do sul da Índia chegam a ter um nome
para esta enfermidade. Eles chamam este estado de sofrimento amoroso de
"mayakkam", que significa intoxicação, tonteira e ilusão.
O
desejo de união emocional: Esta necessidade assoberbante de união
emocional, tão característica do amante, é memoravelmente expressa em O
banquete, o relato de Platão de um jantar em Atenas em 416 a.C. Nesta
noite festiva, algumas das mentes mais brilhantes da Grécia clássica
reuniram-se para jantar na casa de Agaton. Enquanto se reclinam em seus
divãs, um convidado propõe que se divirtam com um tópico de discussão,
apenas desportivamente: cada um deles deveria descrever e louvar o Deus
do Amor.
Todos concordaram. A flautista foi dispensada. Depois, um
por um, eles usaram sua vez para louvar o Deus do Amor. Alguns
consideraram esta figura sobrenatural a mais "antiga", a mais "honrada"
ou a menos "preconceituosa" de todos os deuses. Outros sustentaram que o
Deus do Amor era "jovem", "sensível", "poderoso" ou "bom". Mas não
Sócrates. Ele começou sua homenagem contando o diálogo que teve com
Diotima, a esposa sábia de Mantinea. Falando do Deus do Amor, ela disse a
Sócrates: "Ele sempre vive em um estado de necessidade".
"Um estado
de necessidade." Talvez nenhuma expressão em toda a literatura tenha
apreendido com tanta clareza a essência do amor romântico apaixonado:
Necessidade.
À procura de pistas: Quando os amantes não sabem
se seu amor é apreciado e retribuído, eles se tornam hipersensíveis aos
sinais enviados pelo adorado. Como escreveu Robert Graves, "Ouvindo uma
batida na porta, esperando por um sinal".
Mudança de
prioridades: Muitos apaixonados também mudam o estilo do guarda-roupa,
os maneirismos, os hábitos, às vezes até os valores para conquistar o
ser amado.
O campeão do amor cortesão do século XII, André Capelão,
resumiu este impulso escrevendo as palavras: "O amor não pode negar nada
ao amor".
Os amantes reorganizam a vida para acomodar o ser amado.
Dependência emocional: Os amantes também se tornam dependentes do
relacionamento, muito dependentes. Como o Marco Antônio de Shakespeare
declarou a Cleópatra, "Tinha eu o coração atado por fios a teu leme". Um
antigo poema hieroglífico egípcio descrevia a mesma dependência ao
dizer: "Meu coração é um escravo/ se ela me abraça".35 O trovador do
século XII Arnaut Daniel escreveu: "Sou dela da cabeça aos pés".36 Mas
Keats foi o mais apaixonado, escrevendo: "Em silêncio, para ouvir teu
terno respirar,/ E assim viver para sempre — ou desvanecer até a
morte".*
Como os amantes são tão dependentes de um amado, eles
sofrem uma terrível "ansiedade de separação" quando não estão em
contacto. Um poema japonês, escrito no século X, padece deste desespero.
"A manhãzinha cintila/ no brilho difuso/ da primeira luz. Sufocado de
tristeza,/ Eu te ajudo com tuas roupas."
Os amantes são marionetes que balançam das cordas do coração do outro.
Empatia: Os amantes sentem uma enorme empatia pelo amado.
O poeta E. E. Cummings escreveu encantadoramente sobre isso, dizendo:
"ela ria sua alegria ela chorava sua tristeza". Muitos amantes chegam a
se dispor a se sacrificarem por seu amado. Talvez o sacrifício de Adão
por Eva seja a oferta mais dramática de toda a literatura universal.
Como Milton a descreveu, depois de descobrir que Eva havia comido da
maçã proibida, Adão decide comer ele mesmo da maçã — o que ele sabe que
levará à expulsão deles do Jardim do Éden e à morte. Adão diz: "pois
contigo/ por certo minha resolução é morrer".
A adversidade
aumenta a paixão: A adversidade com frequência alimenta a chama. Chamo
este curioso fenómeno de "frustração-atração", mas é mais conhecido como
"efeito Romeu e Julieta".
Até as discussões ou rompimentos temporários podem ser estimulantes.
Um dos exemplos mais divertidos da literatura de como a adversidade aumenta o romance é a peça de um ato de Tchekov, O urso.40
Neste drama, um proprietário de terras mal-humorado, Grigori
Stepanovitch Smirnov, aparece na casa de uma jovem viúva para pegar um
dinheiro que o marido morto devia a ele. A mulher se recusa a pagar um
cópeque que seja. Ela está de luto, explica, e grita bruscamente para
ele: "Não estou com espírito para me preocupar com questões monetárias".
Isto lança Smirnov num discurso contra todas as mulheres — chamando-as
de hipócritas, falsas, cruéis e ilógicas. "Brrrr!", ele diz com
veemência, "Tremo de fúria". A raiva dele incita a dela e eles começam a
trocar insultos aos gritos. Logo ele apela para um duelo. Aflita para
fazer um buraco na cabeça dele, a viúva pega as pistolas do marido morto
e eles tomam posições. Esta estranha relação entre a adversidade e o
ardor romântico é vital em todos os amantes das grandes lendas do
mundo. Se incitados por dificuldades de um ou outro tipo, eles só se
amam ainda mais.
Dickens disse sobre isso: "O amor com frequência
cresce de forma mais abundante na separação e sob as circunstâncias mais
difíceis". É bem verdade.
Esperança: "Digamos que eu pudesse
viver em esperança", argumenta o rei Pirro com Andrômaca no drama de
amor e morte de Racine. Por que os amantes devem continuar a ter
esperança, mesmo quando os dados lançados pela vida saem incansavelmente
contra eles? A maioria ainda espera que o relacionamento renasça — até
anos depois de ter terminado amargamente. A esperança é outra
característica predominante do amor romântico.
Uma ligação
sexual: "Eu preferia morrer cem vezes a ficar sem o teu doce amor. Eu te
amo. Eu te amo desesperadamente. Eu te amo como amo minha própria
alma." Assim declarou Psiquê ao marido, Eros, em O asno de ouro, romance
do século II de Apuleio. "Ardendo de desejo", continua a história, "ela
se inclinou e o beijou impulsivamente, impetuosamente, com um beijo
depois de outro depois de outro beijo, temerosa de que ele despertasse
antes que ela tivesse terminado."
A poesia de todo o mundo atesta o
intenso anseio do amante por união sexual com o amado, outra
característica básica do amor romântico.
Freud, assim como muitos
eruditos e leigos, sustentava que o desejo sexual é um componente
central do amor romântico.48 Não era uma ideia nova. Quem estudou o Kama
Sutra, o manual do amor da Índia do século V, sabe que a palavra
"love", "amor", vem do sânscrito "Lubh", que significa "desejar".
Exclusividade sexual: Os amantes também querem exclusividade sexual.
Muitas das histórias de amor do mundo reflectem esta possessividade
sexual, bem como o desejo do amante de manter sua fidelidade sexual. Por
exemplo, enquanto separado de Isolda, a Justa, Tristão casou-se com
outra mulher com o mesmo nome, Isolda das Brancas Mãos — em grande parte
porque esta mulher lhe trazia muito do apelo da amada. Mas Tristão não
consegue consumar o casamento. Quando, na lenda árabe, Laila fica noiva
de alguém que não era seu amado Majnun, ela também evita o leito
nupcial.
Ciúme: Em seu livro sobre as regras do amor cortês,
Capelão escreveu: "Quem não sente ciúme não é capaz de amar". Ele
chamava o ciúme de "ama-de-leite do amor" porque acreditava que ele
nutria a chama romântica.
O sagaz clérigo, como sempre, estava
certo. Em toda sociedade em que os antropólogos estudaram a paixão
romântica, os dois sexos eram ciumentos, muito ciumentos.50 Como alertou
o I Ching, o livro chinês da sabedoria escrito mais de três mil anos
atrás, "Um vínculo estreito somente é possível entre duas pessoas; um
grupo de três engendra ciúme".
As fases do amor
1. Desejo
É o que nos leva a sair à procura de qualquer coisa.
2. Atracção
É quando nos apaixonamos
3. Vinculação
É
a fase do amor sóbrio, que ultrapassa a fase da atracção / paixão e
fornece os laços para que os parceiros permaneçam juntos.
Fonte: Drª Mariagrazia Marini Luwisch - Psicóloga Clínica Psicoterapeuta
(fonte: Helen Fisher, Porque Amamos- A Natureza Química do Amor Romantico, Relógio d'Água 2008)